1.4.09

A partida de Constância.

Chegou certa vez com um lindo vestido negro,
Puro receio tecido por mãos ansiosas,
Dessas cuja mão-de-obra não equivale a de um trabalhador chinês.
- eu tenho duas dessas.

Não pude deixar de deparar no pingente de lascívia,
Que caía sobre o decote,
Esses, cuidadosamente forjados,
Por algum joalheiro ninfomaníaco.
- confesso, um grande amigo.

Encarei-a com um soslaio pseudo-sedutor,
Obtive a recompensa da resposta positiva.

Cortejei-a e ofereci um Whisky.
Ela, mulher vivida, perguntou-me em que casa.

Perdurou.
Milhares de noites de perversão casual,
Ménages com lindas damas,
Efemeridade foi a melhor delas.
- Confesso, conquistou-me.

Certa vez, ao acordar e tatear ao lado,
A falta dada consumou-se em pesar,
Bastando três quartos de segundo.

Os versos já não saíam,
As rimas já não estavam,
A poesia de viver ao lado dela,
Havia sido duramente criticada pela Ventura, velha ingrata.
Constância tinha ido embora.
-A moça do ménage me ligou no dia seguinte.

8 comentários:

Diego G. Ferrão disse...

Tempos que não vinha aqui, e quando venho..."tarãããã"..ótima postagem,como de costume. Gostei muito, em particular, dessa!

forte abraço, primo!

"Bons ventos!"

Dênis Rubra disse...

Ela ligou!

ótimo blog, parabens.

Luiza disse...

Acho interessante o que você escreve. Tudo bem que a minha capacidade não está à altura de seus textos (hahaha), mas tudo muito bem escrito.


=)

CArina CAmila disse...

Que pesar essa partida..=p

Lindo.
beijos

Anônimo disse...

Constância, a fiel, é expulsa por Ventura, a sogra ingrata. Genial. Me lembrou o Veríssimo ao dar aos personagens o nome de suas atitudes (Lascívia, Imperatriz de Cântaro), e assim economizar na descrição deles.

Um abraço

Mariana Simões disse...

Ótimo! Vim matar as saudades encontro isso! Muito bom, como sempre. A poesia agradece! ;)

Mauro Sanches disse...

Ótimo blog e ótimo texto, cara!!

Gabibléia disse...

Interessante.
Sua maneira de escrever é, decididamente, muito cativante

Até.