Eu nunca estou inteiro.
E isso faz parte daquilo que eu sou:
apenas metade de mim.
Só esta parte, é.
As outras metades estão por aí...
Há as que são boas e as ruins.
Algumas melhores,
muitas, piores.
Mas todas me completam igualmente,
justapondo-se umas às outras,
eclipsando-se com o claro objetivo
de no fundo parecerem uma só.
Grande ilusão destas outras completudes!
Quando elas se sobrepõem,
a perfeição da ação
- como qualquer tipo -
é inalcançável.
Sobram sutis linhas, suas bordas, que vão
se tornando mais densas
à medida que as outras metades me vão completando
e eu vou me tornando um outro.
No fim - ou naquilo que eu acho que é o fim -,
mas que nunca acaba; e não deve,
se vê, em uma parte, o que sou,
na outra, o que estou,
e ao redor, manchas negras
que extrapolam um e outro,
e que me fazem transbordar naquilo
que eu não sei nomear, mas faz parte de mim.
Toda a minha exceção é o inatingível tangível.
Um comentário:
Adorei este poema. Me definiu muito. Muito mesmo. Parabéns por mais uma escrita belíssima.
"Toda a minha exceção é o inatingível tangível."
Mariana Cassiano
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