14.10.13

Relógio de Pulso

Estar com você
é como voltar a ser
a criança que capricha ao desenhar
um relógio no próprio pulso.

Pela pretensão da perfeição no início.
E a dificuldade em ligar os traçados
sem entortar tudo o que foi escrito
de forma tão minuciosa até ali.

Mas acima de tudo por,
após todo o preenchimento das horas,
no momento de posicionar os ponteiros,
aguardar até o último segundo,
do minuto que estiver vigente,
num relógio que avance verdadeiramente,
para, mesmo que por apenas uma fração de tempo,
eu tenha a certeza da compatibilidade
da vida que nos atropela com andar real dos ponteiros,
com aquela que eu tento idealizar em mim.

As horas do mundo continuam.
As do meu pulso, não.
E até que se apaguem, de forma inevitável,
e se vão junto com minutos, ponteiros
e todo este ideal,
eu terei eternizado em mim
o exato segundo
em que eu não ousei desejar nenhum tempo a mais.


Um comentário:

Anônimo disse...

Primeira vez que entro no seu blog, e deparei-me com incríveis junções de palavras.

Parabéns, belíssima poesia.