21.8.13

0,5.

De manhã toma uma média,
Come meio pão na chapa.
Apanha um ônibus, para no meio
do trajeto,
e faz a outra metade em uma condução
meio cheia.
Veste meias soquetes,
que chegam à metade dos pés
por estarem meio velhas.

Trabalha no escritório meia meia
e hoje está meio atarefado.
O almoço é ao meio-dia
numa pensão meio suja,
mas que cobra meia dúzia de reais,
pra comer o quanto aguentar, com direito
a um pedaço de carne.
opta por meio pedaço de frango,
está meio sem apetite.

Volta meio com sono,
e metade do trabalho já está pronta.
A outra parte está meio difícil,
mas pode melhorar depois dessa
meia horinha de sono escondido
do chefe meio rabugento.

Ainda meio sonolento,
pensa em buscar meio copo de café,
mas dá meia volta,
pois ela passa.

Sente-se meio feio hoje,
pensa num meio para puxar assunto,
mas ela é completamente austera,
apesar da beleza acima da média.
apesar do lindo sutiã meia-taça.

Não acredita na metade da laranja.
Não acredita mais. Na verdade, não completamente.
É meio descrente por conta de meia-dúzia de casos
que deram completamente errados.

Sai do trabalho às seis e meia da noite
e o clima é meio frio.
Esqueceu o casaco, mas hoje está meio com sorte.
O zero-meia azulzinho passa.

Liga o celular meio caro,
à meia carga só ouve metade das músicas armazenadas
até chegar em casa.
Para o jantar, metade da quentinha de ontem.
Para a sobremesa, meia barra de chocolate.

Agora está meio sem sono.
Vê um programa meio antigo na TV.
Deita-se meio de lado,
ocupando metade da cama de casal.

Antes de dormir,
pensa sobre o seu dia maravilhoso, completo.
Ele tem um trabalho, moradia, alimento.
Compra eletroeletrônicos pela metade
do preço na promoção...
Meio que vive bem, entende?
Apesar das meias verdades diárias,
há pessoas que queriam
só a metade do que ele possui.

Agradece a deus
em mais uma de suas orações cotidianas.
Com pena,
pede ao criador pelos mais pobres,
essas pessoas que, coitadas,
vivem uma vida tão medíocre.





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